segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

E eis que a palavra é mencionada: GRIPE!

Há que dar o braço a torcer (mas com jeitinho para não magoar muito): a gripe é capaz de fazer com que nos sintamos outra vez criancinhas mimadas, com ganas de carinhos a toda a hora, quem tenha a paciência de atender aos nossos pedidos, nos aconchegue a roupa na cama... Basicamente, torna-nos uns inúteis!
Numa bela manhã de chuva torrencial, nevoeiro e frio, acordo como todos os dias para fazer algo de útil pela sociedade, mas nesse dia foi diferente: não me recordava de ter sido "passada a ferro" por uma manada de elefantes, mas a realidade é que sentia as dores do impacto! Como tal, olho para o despertador, o despertador olha para mim e não há química - as dores não param e aproxima-se a hora de ter que estar a sair de casa para trabalhar.
Rendida, magoada, dorida e arrepiada, lá comunico com uma colega, por sms, que nesse dia não poderia mexer-me do mesmo sítio, até as raízes começarem a incomodar os vizinhos de baixo. Enquanto escrevia o sms, esperava com todas as forças que o polegar não caísse...
Apesar de todas as dores e arrepios, não estava nem de longe nem de perto parecida com o senhor da imagem! Arrastava-me pela casa, tremia incontrolavelmente, mas não tinha febre. E eis que a maravilhosa cabeça de doente tem a magnífica ideia de me mandar ao Centro de Saúde.
Ah... o sistema nacional de saúde... esse clube onde só entra quem geme... muito!
Mal entro, dou de caras com uma senhora por detrás de um vidro com uma minúscula abertura para comunicação, falando alegremente com alguém na parte escondida do gabinete, não olhando sequer para mim. Ok, não sou nenhum escadote, mas também não sou nenhuma lesma rastejante (embora me sentisse como tal), nos meus altos 170 centímetros sinto-me completamente invisível ali. Apoiar-me no balcão era doloroso; o barulho dos outros pacientes era incomodativo; a Júlia Pinheiro na televisão era um atentado à minha sanidade mental e, quando finalmente a senhora descobre que a luz já não entra no salão com tanta intensidade (talvez por alguém - EU - estar a fazer-lhe sombra) e olha para mim, dou de caras com uma sobrancelha que não parava quieta... Sabem quando descobrem algum pormenor sobre alguém e já não conseguem desviar o olhar? Eu acho que aquela sobrancelha estava a comunicar comigo por código MORSE! Pena eu nunca ter aprendido... Será que me estava a avisar? Diria para fugir dali a sete pés?!
Depois de passar o teste da sobrancelha sem rir, lá me sento naquelas cadeiras "confortáveis", principalmente para alguém a quem sentar e estar parada na mesma posição significava o mesmo que correr 30kms, saltar à corda durante 2 horas, fazer 260 piscinas olímpicas e ouvir discursos políticos durante 5 horas, tudo de seguida! Mas pronto, afinal foi só um bocadinho até me chamarem para o rastreio.
E lá me anilham com uma pulseira verde, qual pombo-correio!
A tortura seguinte já roçou o sadismo: uma hora e vinte minutos de espera! E eu, coitadinha, na cadeira sentada, encolhida, arrepiada e dorida. Tic-tac, tic-tac...
Mas pronto, lá apanhei um senhor doutor espanhol que compreendeu o meu sofrimento, a minha dor e angústia, talvez por ter passado todas as férias de Natal e Ano Novo em casa com os meus sintomas. E, apesar de eu negar muitos dos sintomas que ele me ia questionando, concluiu que, mesmo assim, a minha sentença era GRIPE, ainda por cima de uma estirpe maléfica que enganava tudo e todos com os sintomas manhosos. De facto, quando parece que já estou a melhorar consideravelmente, eis que voltam as dores e os arrepios.

Foi mais uma aventura na minha vida!