sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Neighbours... trá lá lá laralá lá lá...


Neighbours,
Everybody needs good neighbours
With a little understanding
You can find the perfect blend
Neighbours...should be there for one another
That's when good neighbours become good friends...




Que bonito, que letra tão amistosa e catita... Quem não se lembra desta série australiana (se a memória não me falha)? Vizinhos que se auxiliam, sempre com uma palavra de conforto... Mesmo quando havia algum problema, a lei era dialogar... Tal e qual como na realidade!

Ou não.

Quarta-feira de Cinzas, dia de introspecção, pensar na nossa insignificância enquanto seres falíveis e mortais... não passamos de pó que voltaremos ao pó e tal... Estou em casa preparando-me para sair, quando ouço reboliço algures ali perto. Investiguei? Investiguei. Lá vou à janela feita cusca, pensando que o problema viria do bairro social em frente, mas não! Eis a surpresa, minha gente...: a confusão geral vinha mesmo do meu prédio, onde vizinha do rés-do-chão e vizinha da cave trocavam impropérios carinhosos como "filha da p#&a", que é extremamente fofinho, e outros mais que não consegui decifrar (não que andassem muito longe do anterior, concerteza). Achei tudo muito estranho. No entanto, vejo que os dignos vasos de ervas daninhas da senhora do rés-do-chão jaziam quebrados no chão, pelas escadas do terraço, com a terra toda espalhada. Ah!, então estava aí o cerne da questão. Não devia ser pelas lindas ervas daninhas, talvez, mas pelo nojo que ficou todo o espaço, sujo de ervas e cerâmica quebrada.
Então eis que a moça da cave se mune de telemóvel. Percebi imediatamente que a coisa ia meter polícia! Recolho-me em casa a acabar de me preparar para sair.
Então ouço a campainha da porta. Mas que catano?! Vou à varanda, já que não é ninguém na porta interior - ainda pensei que fosse uma delas a pedir uma foice ou uma rebarbadeira. Três jovens agentes da PSP vinham em nosso auxílio, pedindo para lhe abrirmos a porta ( nós, porque entretanto a vizinha do 1º também tinha ido à varanda, depois de ter chegado de uma viagem com os filhos menores). Lá fomos as duas abrir a porta aos senhores agentes. Ainda estive para dizer que estava a ter dificuldades para abrir um frasco de compota em casa e pedir ajuda, mas desisti quando nos mandaram logo para nossas respectivas casas ( e eu, tudo bem...).
O que se passou em seguida, não sei. Só posso falar dos momentos seguintes, quando tento sair de casa e vejo a porta de entrada do prédio barrada pela vizinha do rés-do-chão, estendida no chão, de pernas abertas com os caniches nojentos à volta dela e os agentes a tentar acalmar a mulher, rolando os olhos quando me viram, como quem diz "Deus, dai-nos paciência para aguentar isto" - e com razão! Lá fui à minha vida. Quando voltei, tudo estava calmo.

Mas hoje, ao sair de casa depois do almoço, reparo que a família da cave encontrou na rua o marido da vizinha do rés-do-chão. É o horror, o pânico, a tragédia!... Após uma troca de palavras que já não apanhei, só ouço a vizinha da cave chamar "corno manso" ao senhor, apesar de não me parecer que tenha sido tido nem achado naquela tempestade toda.

Com vizinhos assim, quem precisa do governo?